Estado de despedida permanente

Estória inspirada numa fotografia de Carla Raposo (Carpe Omnius).

© Carla Raposo ArtWork (Carpe Omnius)


- Sabes o que me irrita? Esta conversa que agora se ouve por todo o lado sobre a importância de aproveitar o momento. Anda tudo aflito, a ver se consegue aproveitar e saborear mais momentos do que o vizinho do lado. Mas se reparares bem, começamos a correr o risco de reduzir a vida a uma espécie de colecção de momentos e pouco mais; uma sucessão sem continuidade aparente, sem uma verdadeira sequência, sem um genuíno desejo de evolução, sem profundidade; não achas?

- Mais ou menos.

- Parece que já não existe propriamente uma consciência de passado ou futuro. Como se vivêssemos uma vida com uma única dimensão. Já imaginaste se visses o mundo apenas a uma dimensão? Chato, não era? Mas é isso que fazemos, acho eu. Todos o fazemos.

- E andamos todos errados? A ver mal? É isso que queres dizer?

- Sei lá. Estou só a pensar alto. O que penso é que começa a faltar-nos perspectiva. Procuramos momentos que sejam intensos e nos façam vibrar, nos façam sentir vivos, que nos preencham de felicidade e prazer, que nos deslumbrem. Óptimo. Mas e depois? Que se faz depois de viver um momento magistral?

- Vai-se à procura de outro momento.

- Isso. Vai-se à procura de outro momento; de preferência ainda mais magistral; e de repente estamos a reduzir a vida a uma espécie de caça-momentos, a uma busca pelo momento supremo.

- Isso faz parte da natureza humana. Procurar sempre mais e mais e mais. Não me parece uma coisa má, pelo contrário. Desgraçados dos que deixam de procurar, dos que desistem, dos apáticos.

- Ok, está bem. Tens razão. Mas quando a procura em si se converte numa obsessão, temos um problema. Se vivemos exclusivamente para o momento, que acontece nos intervalos? Como gerimos o vazio entre momentos? Aborrecemo-nos, desanimamos, resmungamos; não é? Perdemos a paciência. De certa forma, perdemos o rumo. E chegamos aqui, ao ponto em que estou: presa no momento. Sem verdadeira perspectiva de mim, do que sou, do que desejo, de onde venho ou para onde vou; como se tivesse perdido o contexto, a densidade.

- Sim, conheço a sensação. É uma coisa um bocado assustadora. Como se me sentisse sem rede, sem amparo. É isso que sentes?

- Algo assim. Uma espécie de queda, de sensação de queda; mas sem estar realmente a cair.

- Sabes a que me agarro nesses momentos? À arte. Discos, livros, pinturas, fotografias. Tudo o que me dê chão, contexto.

- É curioso dizeres isso. Porque, na verdade, tenho andando a pensar em tudo isto por causa de uma fotografia que vi no outro dia. Uma fotografia fortíssima, que me fez olhar a realidade de frente. Tomar consciência, por assim dizer.

- Que fotografia?

- Uma que vi no outro dia, por acaso. Abanou-me um bocado, que é o que a arte deve fazer, não é?; abanar-nos, e não confortar-nos. Foi tipo um pretexto para começar a remoer uma data de coisas que já deviam andar por aqui às voltas há muito, num plano mais inconsciente.

- Deve ser uma fotografia tremenda.

- É. Deixa ver se te consigo explicar. Tem duas secções. De um lado, há umas pegadas na praia, que me remeteram para a ideia de percurso percorrido, de passado, de memória, e tudo isso. Depois, há a imagem de uma miúda, vista de costas, a entrar no mar; mas esta imagem da miúda é replicada, várias vezes; vemo-la cada vez mais distante, dando a ideia de que se está a afastar, de que está a caminhar para o interior do oceano.

- E isso fez-te pensar em futuro. Avançar em direcção ao incerto, ao desconhecido. Certo?

- Sim. E essa imagem do futuro como simples replicação do presente perturbou-me. Assim como me perturbou a ideia de anonimato, da ausência de identidade e de individualidade. Porque as pegadas são anónimas, assim como o rosto da rapariga é anónimo. E a ideia de anonimato, que está sempre relacionada com a possibilidade de dissolução da individualidade, é assustadora.

- Caminhas numa praia deserta e segues, com uma vaga curiosidade, o único trilho de pegadas que por ali vês, as pegadas de alguém que nunca conhecerás; e que poderás saber sobre essa pessoa, seguindo as pegadas que misteriosamente desaparecem no mar? Apenas que passou por ali e pouco mais, não é? Foi algo assim que pensaste?

- Foi. Pensei nos rastos incaracterísticos, nas marcas difusas que vamos deixando para trás; e que se transformam em memórias, ténues e impalpáveis, por vezes imaginadas. Esta história dos mecanismos de formação das memórias também é tramada. Porque a memória acaba por ser uma construção complexa e misteriosa, não é? Uma recriação da realidade, uma mera versão.

- E faltam-te memórias. É isso?

- Faltam. Olho para trás e vejo as minhas próprias pegadas, sei que passei por ali e deixei uma ténue marca. Sei que cheguei aqui mas como estava tão concentrada em viver cada momento, ou tão distraída com o momento, não apreciei verdadeiramente o percurso que fui fazendo. Não tenho contexto, não tenho memória. Faz sentido isto que estou a dizer? Achas normal?

- Normal? Mas que interessa isso? A noção de normalidade é um dos piores conceitos criados pela humanidade, uma das maiores castrações à liberdade individual. Que se foda a normalidade.

- Castrações? Estás inspirada, hoje. Mas sim, tens razão. O conceito de normalidade diminui-nos a iniciativa, o arrojo; é uma espécie de auto-censura a que nos submetemos. Mas tudo isso está relacionado com a necessidade de aceitação, não é? Somos seres que valorizamos a individualidade mas que não existimos sem o colectivo. Não é um equilíbrio fácil de estabelecer.

- Bom, não me apetece muito falar de equilíbrios. Essa coisa do equilíbrio é parente da normalidade. E do consenso, da porra do consenso. Quando me falam em consensos fico logo a respirar mais rápido, já sabes.

- Pronto, respira normal.

- Disseste que havia uma pessoa a entrar no mar; era a mesma das pegadas?

- Não sei, possivelmente. A mulher a entrar no mar, vista de costas, é o que domina a fotografia.

- E porque te fez pensar em futuro?

- Imagina que existe uma máquina de viagens no tempo, que permite mandar as pessoas para o futuro; então, pegam em mim e mandam-me para o meu futuro; e lá estou eu, esta exacta pessoa que vês aqui, com os mesmos pensamentos e as mesmas preocupações, o mesmo penteado e as mesmas roupas, as mesmas angústias. Igual. Foi o que pensei quando vi a rapariga.

- Como se não tivesse ocorrido qualquer modificação, qualquer continuidade? Como se não existisse uma ligação entre passado e presente; entre as pegadas e a rapariga.

- Sim, como se o tempo não existisse; como se o eu do futuro fosse um exacto duplicado do eu do presente, que se fosse replicando indefinidamente. Não há tempo, apenas uma sequência de momentos. E é um bocado assim que me sinto, sem passado nem futuro, condenada a este momento, a este presente; presa. Sem perspectiva histórica ou de evolução, apenas uma máquina duplicadora de momentos.

- Aqui jaz uma máquina fotocopiadora, modelo Xerox MP350-i; fartou-se de fotocopiar e depois avariou definitivamente. É isto que vou meter lá no teu sítio do cemitério, quando morreres.

- Não gozes. Estou a falar a sério.

- Eu sei que estás.

- Por vezes, sinto-me só, sabes? Porque o momento impele-nos a focalizarmo-nos em nós, no que sentimos, no que desejamos; e de certa forma, sem repararmos, excluímos um pouco os outros, não é? Por vezes sinto-me sozinha, pronto.

- Estou aqui, não estou?

- Claro. Desculpa. Mas ando assim há uns dias e não gosto nada.

- Uma fase. Passa.

- É como se estivesse a viver num estado de despedida permanente; sabes aquela sensação dolorosa e angustiante de dares um beijo de despedida a alguém de quem gostas muito, alguém que quase de certeza não voltarás a ver? É mais ou menos isso que sinto. Quase sempre. Mas ainda pior; porque a pessoa de quem me estou a despedir sou eu.      

- E isto tudo por causa de uma fotografia. Mas sabes o que penso? Se calhar estás a interpretá-la de uma forma pouco exacta. Eu não a conheço, claro. Mas imagina que é ao contrário. A duplicação da moça pode não significar a previsibilidade do futuro e tudo isso mas, apenas, a definição de um rumo.

- Que queres dizer?

- Pensa assim. A mulher caminha em direcção a determinado sítio; porquê? Porque descobriu o seu rumo; percebes? Segue o seu caminho, desaparece em direcção ao futuro que escolheu. Neste mundo cheio de ruído e distracção, cheio de imposições e de ditaduras, cheio de condicionalismos, ela encontra o seu espaço e o seu rumo; é independente e livre. Não esquece o seu passado, por isso é que estão lá as pegadas; mas avança em frente e pronto. O que a foto representa é o reforço da individualidade, e não a sua dissolução.

- Isso parece-me um bocado cor-de-rosa demais.

- Da mesma forma que a tua visão me parece excessivamente cinzenta. Mas no fundo é uma opção que é preciso fazer, mais tarde ou mais cedo. A foto de que falas será uma metáfora da tua situação, da vida de todos nós; e a forma como decides olhar essa foto indicia um pouco o modo como, na realidade, encaras a vida, qual o ângulo que escolhes. Na abordagem cinzenta, percebes que não pertences ao espaço e ao tempo em que te encontras; a abordagem cor-de-rosa significa, pelo contrário, que encontraste o teu espaço e o teu tempo.

- Sempre tiveste uma grande capacidade em simplificar demasiado as coisas.

- É um dom que tenho.

- Mas talvez a tua conversa simplificadora me faça pensar um pouco.

- Os amigos são como a arte; não servem apenas para amparar e abraçar mas também para abanar.

- E dar-nos perspectiva. Sabes, aquela foto afectou-me porque a encarei como uma representação da minha vida; o meu retrato, de certa forma. Habituamo-nos a imaginar a nossa vida como se fosse um livro, em que se vão sucedendo capítulos na ordem certa; e de repente percebes que a tua vida pode não ser um livro mas uma fotografia, ou uma pintura, algo que consegues ver num único olhar, que podes apreender de uma única vez, sem necessidade de virar páginas ou de aguardar até ao final para perceberes tudo. E é desconcertante.

- Pois é. Desconcertante. Mas olha, estou cansada desta seriedade. Eu não sou nem fotografia nem livro, não sou passado nem futuro. Sou pessoa, sou agora. E sabes que me apetece? Ir à praia; anda, vem daí. Vamos fazer a nossas pegadas, a nossa caminhada para o mar. Vamos ser a fotografia.

Depois do sexo e antes de adormecer, citam-se os clássicos (III)


EU: Amas-me?
TU: Claro. Duvidas?
EU: Não, não duvido. Mas estava a pensar numa frase do Dostoievski, que não me sai da cabeça.   
TU: Qual? EU: Aquela em que diz que a verdadeira verdade é inverosímil, é preciso acrescentar um pouco de mentira à verdade para lhe dar maior plausibilidade. 
TU: Queres dizer que não basta dizer que te amo?
EU: Preferia que dissesses que me amas muito. O “muito” seria excessivo, talvez mentiroso; ou seja, daria credibilidade ao “amo-te”.
TU: És muito parvo, tu.
(Risos.)



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Beijo

Um conto escrito com Gisela Estrada, para ler na Preguiça.

Porque não ficamos calados?



- Amas-me? És feliz comigo?
- Claro que sim.
- Então porque disseste à tua ex-mulher que, se ela quisesse, deixavas-me e voltavas a casar com ela?
- Como sabes isso?
- Ela contou-me.
- Contou-te?
- Sim. No outro dia, quando falávamos no facebook.
- Vocês falam no facebook?
- Por vezes.
- Não acredito. Vocês falam? Uma com a outra? Ora foda-se. E falam sobre o quê, pode-se saber?
- Sobre ti.
- Isso é absurdo. E uma falta de respeito monumental. Não tens noção disso? Mas como começou uma coisa dessas, afinal?
- Um dia, mandei-lhe uma mensagem a perguntar se poderia confiar em ti. Ela respondeu que não. A partir daí, a coisa correu naturalmente.
- Nem sei o que dizer. És mesmo parva, tu.
- Também gosto muito de ti. E limitei-me a fazer uma pergunta, nada mais. Querias o quê? Que confiasse perdidamente em ti, sem hesitação?
- Queria que nem sequer falasses com ela.
- Confesso que há algum tempo que os teus quereres deixaram de me importar.
- Olha, não sei mesmo o que dizer.
- Bom, não interessa muito o que possas dizer. Já não interessa. Deverias ter pedido desculpa e pronto. Não achas? Pedir desculpa por teres dito uma coisa dessas. Agora, é tarde demais.
- Tu é que decides o que devo ou não devo dizer?
- Era só uma opinião.
- Chegaste a amar-me, alguma vez?
- E tu, chegaste a amar-me?
- Acabei de dizer que te amava.
- Acabaste de mentir, queres tu dizer.
- Chegaste a amar-me?
- Eu amei-te perdidamente, sua besta. Perdidamente, como dizia aquela estúpida da poetisa.
- “Ter cá dentro um astro que flameja.”
- Sim, flamejava por ti. Estúpida fui eu, não é? Bem estúpida.
- Não fales assim.
- Como queres que fale? Se estás a gozar comigo.
- Não estou nada. Não estou. Nunca gozei contigo.
- Pelo contrário. Sempre gozaste comigo.
- Não é verdade.
- Sabes quando percebi que não me amas? Que nunca me amaste?
- Isso não é verdade.
- Foi quando notei que o teu olhar não brilhava quando me vias.
- Que queres dizer?
- Que quero dizer? Quando olhamos para a pessoa que amamos, o nosso olhar brilha; é impossível que assim não seja. E o teu olhar não brilha. Eu não te faço brilhar.
- Essa conversa é um pouco exotérica, digamos.
- Ainda comecei por achar que o problema não era meu, que pura e simplesmente ninguém conseguiria fazer o teu olhar brilhar; nem eu nem outra pessoa qualquer. E que com o tempo isso talvez mudasse. Mas depois notei como o teu olhar realmente brilha quando te cruzas com certas mulheres. Na rua, numa esplanada, sei lá. Olhas para uma desconhecida qualquer e, de repente, há um fulgor no teu olhar. É uma coisa quase palpável.
- Não tens noção de como é absurdo o que estás a dizer?
- Estás a falar comigo, a ouvir-me com atenção e interesse, com vontade, mas depois o teu olhar descai, julgo que é o termo adequado, descai para o lado e incendeia-se momentaneamente. Eu estou ali, mesmo ao teu lado; mas o teu olhar, e o teu espírito e o teu desejo, de repente foge.
- E achas que isso é amor? É o que queres dizer?
- Claro que não. É tesão, simplesmente. Mas o que interessa é que o teu olhar brilha. Por causa de uma gaja qualquer que passa por ti, que nem sequer te olha, que não repara em ti. Brilha, torna-se incandescente.
- Estás a exagerar.
- Se calhar, estou. Sentir qualquer coisa é sempre um exagero, não é? Sempre fui uma exagerada, sempre senti demasiado. Desculpa-me, por sentir demasiado.
- Não estejas a ser irónica.
- Gostas de ser assim?
- Assim, como?
- Insensível. Incapaz de sentir seja o que for. Quero dizer, incapaz de sentir seja o que for além de tesão.
- Que parva.
- Realmente. Uma parva sem remédio. Só uma parva irremediável e sem cura é que contactava a tua ex-mulher, para lhe perguntar o que te fazia brilhar o olhar; para tentar perceber como fazer, para que o teu olhar brilhasse. Para que fosses tão feliz que o teu olhar não parasse de brilhar, nunca.
- Eu é que estou a ficar parvo com esta conversa. É demais, não acredito.
- Sabes que me disse ela?
- Não quero saber, não me interessa.
- Disse assim: és mesmo idiota; e só digo isso porque consigo reconhecer aquilo que também sou; ou que também fui. É como se me estivesse a olhar a um espelho.
- Não acredito mesmo. É tudo demasiado telenovelístico, foda-se.
- E chorámos um bocado e depois rimos mais um bocado e pronto.
- Choraram? Aposto que ficaram com os olhos a brilhar.
- É impressionante como nos enganamos relativamente às pessoas, não é? Como, afinal, somos capazes de amar uma pessoa sem fazer ideia do que ela verdadeiramente é.
- Uma coisa é o que as pessoas efectivamente são. Outra, muito diferente, é aquilo que imaginamos que elas são, aquilo que desejamos que sejam, aquilo que precisamos que sejam.
- Tens razão. As expectativas estragam sempre tudo. Boicotam os relacionamentos, distorcem os afectos, inviabilizam o amor. É muito difícil aceitarmos o outro como ele é, estamos constantemente a querer adequar o outro àquilo que desejamos que ele seja. Lidamos mal com as expectativas dos outros em relação a nós mas ainda lidamos pior com as nossas expectativas em relação aos outros.
- Pois. Queremos que os olhos dos outros brilhem porque isso é importante para nós, ver os olhos brilharem. É um exemplo.
- Sim, um exemplo.
- Odeias-me?
- Não te amo, já não te amo. E não me és indiferente. Que alternativas restam?
- Porque te apaixonaste por mim?
- Porque brilham os teus olhos quando te cruzas com certas mulheres?
- Porque se fazem perguntas que não têm resposta?
- Por que motivo precisamos tão desesperadamente de respostas?
- Porque não ficamos calados?
- Sim, porque insistimos em falar mesmo quando não há nada a dizer?
- Não sei.
- Eu também não.
- Talvez seja estúpido fazer perguntas para as quais não há resposta. Ou estúpido é não fazer perguntas, independentemente das respostas?
- Não sei. Mas parece que é muito difícil fugir à estupidez.
- Sim. A estupidez rodeia-nos. E brota de nós, também.
- Sabes de que me estava a lembrar agora, nem sei porquê? Antes, quando me vinhas visitar, eu perguntava sempre: “Ficas até quando?”. Lembras-te? E tu respondias “Fico até às sete e meia” ou “Fico até à meia-noite” ou “Fico para amanhã”. Até que houve um dia em que, simplesmente, respondeste: “Fico para sempre.” E eu acreditei. Percebes? Acreditei que me amavas e que ficarias para sempre.
- Nesse momento também acreditei que ficaria para sempre.
- Que correu mal, então?
- Esta conversa. Até hoje, estava convencido que tudo corria bem. E que iria correr bem, indefinidamente.
- És idiota. És ingénuo. És querido.
- Sim. Como tu.
- Como eu.
- Sabes? Estava a falar a sério. Quando disse que era feliz contigo.
- A pergunta que te fiz foi um pouco… Penso que é daquelas que nunca devemos fazer.
- Ou daquelas que devemos sempre fazer, independentemente da resposta.
- Talvez. Não sei.
- Olha.
- Diz.
- Vamos jantar?
- Sim. Vamos. Vamos jantar.
E foram.