Escrevi um monólogo sobre uma mulher em busca da sua identidade, da sua essência, da sua afirmação, da sua liberdade. A Cátia pegou nesse texto e, sem alterar uma vírgula, transformou-o numa peça para cinco actrizes e quatro actores. Formou uma sequência de cenas que se encadeiam na perfeição, criando uma coreografia visual e emotiva que convida o espectador a percorrer um trajecto misterioso, intenso, confrontativo, onírico, oscilando entre riso e choro, inocência e crueldade, medo e esperança, conformismo e revolta, angústia e confiança. Um bailado meticuloso de gestos e movimentos, de acções, de toques reais e imaginados; e lá por trás, as palavras.
O que penso: a palavra é o princípio de tudo, mas nunca deve ser um fim. E este espectáculo é um exemplo perfeito disso: nasceu da palavra e cresceu de forma bela e inesperada, voraz, tornando-se algo novo e vibrante, com pulsação, com entranhas; a palavra ganhou corpo. Um corpo que fala, que incentiva, que confronta, que despreza, que ama. Um corpo generoso, mas exigente. Um corpo vulnerável. Um corpo que procura outro corpo. Um corpo como o nosso.
Obrigado: Cátia Ribeiro. André Fonseca, Andreia Mateus, Catarina Mamede, Diogo Pinto, Emanuel Jacinto, João Matos, Liliana Silva, Rita Rosa e Sandrine Cordeiro. Nelson Brites e Rui Capitão. Equipa da Blackbox Leiria.
A foto é da Cristina Vicente, tirada num ensaio; apenas falta o Nelson.