Ilustração de Licínio Florêncio para o conto A porta aberta.
(Do livro Silêncios entre nós e Ebook Silêncios ilustrados)
Retiras a mão do meu sexo e ergues-te
um pouco, para me olhares bem enquanto dispo a camisola do pijama; estamos,
agora, completamente nus, as nossas pernas a tocarem-se; mas não te apressas,
afinal nem espreitaste os meus seios nus. Olhas-me nos olhos, como eu te olho
nos olhos: e assim permaneceremos por muito tempo. Depois, deixar-te-ás cair
sobre mim, com suavidade; o teu sexo encontrará o seu caminho, a tua língua
também. Fecharei os olhos, então: finalmente; perguntar-me-ei, talvez, se
também fechaste os teus.
Mas, no quarto do lado, o menino
começa a ressonar suavemente; esqueceste-te de fechar a porta outra vez.