Banda sonora
(O quarto é
apenas iluminado pelo luar que entra através da janela aberta; a brisa agita a
cortina, provocando um sussurro desagradável. Fazem amor, de forma enérgica;
ela contorce-se e geme num tom desprendido e gutural, inconsciente,
ligeiramente excessivo; ele mantém-se em silêncio, movendo-se ritmadamente e
respirando com dificuldade. Quando chegam ao fim, ela grita, descontrolada e um
pouco – só um pouco – histérica, totalmente entregue ao orgasmo; ele está
silencioso e rígido, de olhos cerrados, deixando-se apertar por ela. Permanecem
uns segundos abraçados, controlando as respirações, à espera que os corpos
serenem; depois, por iniciativa dele, separam-se.)
ELA (num
tom ofegante e desprovido de emotividade): Hoje, foi bastante bom. (Ri,
um pouco eufórica.) Mesmo bom.
ELE (num
tom seco e acusatório, desnecessariamente agressivo): Mas é preciso fazeres
tanto barulho?
(Ela suspira
ruidosamente, um pouco magoada; afasta-se dele e vira-se para a janela, ficando
a olhar para a cortina esvoaçante. Ele permanece imóvel e silencioso, tentando
serenar a respiração, talvez temendo que ela reaja e o acuse de qualquer coisa
inesperada, provoque uma discussão, force um diálogo; mas pouco depois,
adormece. Ela mantém-se imóvel e de olhos abertos, muito abertos: escutando o
ressonar dele, barulhento e opressivo; insuportável.)
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