Sento-me no sofá e fecho os olhos; respiro devagar, esperando que o corpo se recomponha, acalme; aguardando esse momento mágico em que deixarei de o sentir. Na mente, a repetição lentíssima do funeral, momento após momento; e a recordação do sofrimento que senti, apenas há alguns minutos: intensificando-se.
Abro os olhos. À minha frente, as tuas estantes de livros; centenas e centenas de volumes: o teu orgulho. Sorrio, melancólico: recordando-te na tua poltrona, com um qualquer destes livros nas mãos; e o teu olhar: tão feliz.
Volto a fechar os olhos, de súbito invadido pela tristeza, pela dor; pela revolta, também. E pergunto-me: para quê tanta leitura? Que diferença fez? Pergunto-te, apenas agora, demasiado tarde: Oh pai, não teria sido tão bom se o tempo que gastaste a ler todos estes livros tivesse sido passado comigo?
Abro os olhos. À minha frente, as tuas estantes de livros; centenas e centenas de volumes: o teu orgulho. Sorrio, melancólico: recordando-te na tua poltrona, com um qualquer destes livros nas mãos; e o teu olhar: tão feliz.
Volto a fechar os olhos, de súbito invadido pela tristeza, pela dor; pela revolta, também. E pergunto-me: para quê tanta leitura? Que diferença fez? Pergunto-te, apenas agora, demasiado tarde: Oh pai, não teria sido tão bom se o tempo que gastaste a ler todos estes livros tivesse sido passado comigo?