Estou, uma vez mais, a pensar em ti; esparramada no cadeirão, cigarro na mão (a cinza a cair para o chão; tenho que ir buscar o aspirador, daqui pouco) e olhar perdido na janela, vendo as nuvens passarem (mas são todas tão iguais, tão repetitivas), o tempo passar. Tudo muito lento, muito inconsequente, muito sorumbático; igual ao que já foi, ao que será.
Sim, penso em ti: com saudades. Apetecia-me que estivesses aqui, junto de mim, cigarro na mão (poderia pedir-te para ires buscar o aspirador; e talvez fosses), olhar perdido; poderíamos falar da monotonia das nuvens ou permanecer em silêncio, falar de nada; claro que o tempo continuaria a passar por nós, lento e inconsequente e sorumbático: mas estaríamos a vê-lo passar juntos.
Deixo cair a beata do cigarro no chão e levanto-me para ir buscar o aspirador; caminho lentamente até à despensa mas paro pelo caminho, mesmo junto ao telefone; e seguindo um impulso intenso e veemente, marco o número que ainda recordo (claro que recordo). Quando atendes, digo-te (vozinha ansiosa e vulnerável) que é o dia do nosso aniversário; três anos de divórcio, explico; e depois, pergunto: não te apetece comemorar? Estar juntos e assim.
Sim, penso em ti: com saudades. Apetecia-me que estivesses aqui, junto de mim, cigarro na mão (poderia pedir-te para ires buscar o aspirador; e talvez fosses), olhar perdido; poderíamos falar da monotonia das nuvens ou permanecer em silêncio, falar de nada; claro que o tempo continuaria a passar por nós, lento e inconsequente e sorumbático: mas estaríamos a vê-lo passar juntos.
Deixo cair a beata do cigarro no chão e levanto-me para ir buscar o aspirador; caminho lentamente até à despensa mas paro pelo caminho, mesmo junto ao telefone; e seguindo um impulso intenso e veemente, marco o número que ainda recordo (claro que recordo). Quando atendes, digo-te (vozinha ansiosa e vulnerável) que é o dia do nosso aniversário; três anos de divórcio, explico; e depois, pergunto: não te apetece comemorar? Estar juntos e assim.