Certamente que já reparaste: há muito que não conversamos. Sim, vivemos juntos e aparentemente somos felizes (pelo menos, é o que diríamos se alguém nos perguntasse), partilhamos com agrado e determinação uma relação pragmática e mecanizada, feita de rotinas e preguiças e subsistências; uma relação madura e ponderada (segura), alicerçada no respeito pelo outro (ou será na indiferença pelo outro?), onde não há lugar à surpresa ou ao arrebatamento. Não conversamos porque sentimos que não há nada de novo a dizer (e para quê repetir as mesmas coisas?), talvez também porque não nos apeteça ouvir, não nos interesse assim tanto o que o outro ainda tenha para dizer (ocorre-me, agora, que poderia ser interessante – engraçado – conversar um pouco sobre este assunto).
Tudo isto é – acredito – normal. Mas o que me parece algo peculiar é o nosso comportamento na cama (e não me refiro a sexo, sobre isso já nada temos a dizer, a partilhar): a forma algo prosaica mas cálida (ternurenta?) como todas as noites, quando nos deitamos, aconchegamos os corpos um no outro e assim permanecemos, juntos; sempre: como na primeira noite. Um vestígio de amor? Ou apenas distracção? Hábito? (Por vezes, penso: talvez seja apenas por isto que ainda permanecemos juntos.)
Tudo isto é – acredito – normal. Mas o que me parece algo peculiar é o nosso comportamento na cama (e não me refiro a sexo, sobre isso já nada temos a dizer, a partilhar): a forma algo prosaica mas cálida (ternurenta?) como todas as noites, quando nos deitamos, aconchegamos os corpos um no outro e assim permanecemos, juntos; sempre: como na primeira noite. Um vestígio de amor? Ou apenas distracção? Hábito? (Por vezes, penso: talvez seja apenas por isto que ainda permanecemos juntos.)