Já há muito tempo que não falamos. Ele num sofá, eu na poltrona: em silêncio, vagamente esquecidos da presença do outro. Vimos o filme, ansiosos pelo final; ou talvez com vontade de que nunca acabe: porque, então, teremos de falar, olhar, partilhar qualquer coisa; consciencializar que o outro está ali (para sempre?).
É então que as pessoas do filme começam a despir-se; logo depois, estão a foder, convicta e ruidosamente. Olhamos para aquilo, sem nos mexermos, talvez respirando mais devagar (ou mais depressa?), infelizes por não estarmos sós. Os seios dela são bonitos, ele chupa-os com vigor; gemidos e música; o tempo a arrastar-se penosamente: no filme, na nossa sala.
Mas quando a cena de sexo termina, sinto que sou percorrida pelo seu olhar; ignoro-o mas logo depois chega a voz dele: apetece-te? Não respondo, com esperança que não insista, enquanto os segundos (parecem horas, não é?) vão passando, silenciosos e desconfortáveis, opressivos.
Continuo a olhar para o filme; ele levanta-se, aproxima-se, toca-me; tento não estremecer quando sinto o seu contacto (terei conseguido?), sorrio para disfarçar o incómodo. E ele, como é óbvio, apressa-se a interpretar o meu sorriso como aceitação.
Agora, estamos a despirmo-nos, sem grande entusiasmo, talvez sem verdadeira vontade; gestos mecânicos e automáticos, desfasados, vagamente inconsequentes: coincidindo com os nossos sentimentos. Daqui pouco, estaremos a foder, tal como o casal do filme (e quem representará melhor, nós ou eles?). Pergunto-me distraidamente o que teria acontecido se em vez da cena de sexo, houvesse uma cena de divórcio; ficaria ele igualmente excitado, propondo-me a separação do mesmo modo que propôs a foda?
Sorrio, sem alegria. Sinto a sua mão percorrer-me o interior da coxa e aproximar-se do sexo, o que não é propriamente agradável; depois, respondo ao seu beijo, sem entusiasmo mas com competência. E é então que começo a pensar a ti.
É então que as pessoas do filme começam a despir-se; logo depois, estão a foder, convicta e ruidosamente. Olhamos para aquilo, sem nos mexermos, talvez respirando mais devagar (ou mais depressa?), infelizes por não estarmos sós. Os seios dela são bonitos, ele chupa-os com vigor; gemidos e música; o tempo a arrastar-se penosamente: no filme, na nossa sala.
Mas quando a cena de sexo termina, sinto que sou percorrida pelo seu olhar; ignoro-o mas logo depois chega a voz dele: apetece-te? Não respondo, com esperança que não insista, enquanto os segundos (parecem horas, não é?) vão passando, silenciosos e desconfortáveis, opressivos.
Continuo a olhar para o filme; ele levanta-se, aproxima-se, toca-me; tento não estremecer quando sinto o seu contacto (terei conseguido?), sorrio para disfarçar o incómodo. E ele, como é óbvio, apressa-se a interpretar o meu sorriso como aceitação.
Agora, estamos a despirmo-nos, sem grande entusiasmo, talvez sem verdadeira vontade; gestos mecânicos e automáticos, desfasados, vagamente inconsequentes: coincidindo com os nossos sentimentos. Daqui pouco, estaremos a foder, tal como o casal do filme (e quem representará melhor, nós ou eles?). Pergunto-me distraidamente o que teria acontecido se em vez da cena de sexo, houvesse uma cena de divórcio; ficaria ele igualmente excitado, propondo-me a separação do mesmo modo que propôs a foda?
Sorrio, sem alegria. Sinto a sua mão percorrer-me o interior da coxa e aproximar-se do sexo, o que não é propriamente agradável; depois, respondo ao seu beijo, sem entusiasmo mas com competência. E é então que começo a pensar a ti.