Sim, talvez não seja um abutre; e anjo não será: que faria ele por aqui? Penso, então, em fantasmas, nos fantasmas das velhas lendas. Vou sentindo o sangue fugir de mim, irredutível, enquanto penso como a pradaria estará certamente repleta de fantasmas índios, vagueando sem objectivo nem destino, sem pressa, enclausurados na sua imortalidade; e quase me apetece ceder à tentação, ao desvario, de abrir bem os olhos e procurá-los por entre a cintilação da luz, por entre as palpitações do silêncio. Nem que fossem aqueles temidos espíritos que pertenceram, um dia, a homens cruéis e, agora, ocupam a sua eternidade percorrendo campos e planícies, ou montanhas e pradarias, em busca de pessoas que possam perseguir e amaldiçoar, tornando-as consequentemente homens cruéis e, após a morte, espíritos temidos, numa espécie de imparável contágio malévolo.
Pergunto-me quantas vezes já me terei cruzado com um destes espíritos; pergunto-me, também, quanto tempo faltará para me tornar um deles.
Pergunto-me quantas vezes já me terei cruzado com um destes espíritos; pergunto-me, também, quanto tempo faltará para me tornar um deles.