(As duas adolescentes estão sentadas num banco, com os telemóveis na mão; o parque da escola está deserto, como se não houvesse outros alunos por perto.)
ADOLESCENTE 1 (interrompendo o prolongado silêncio num tom apático, olhando fixamente o telemóvel que tem na mão): Sabes qual foi a última coisa que o meu pai me disse?
ADOLESCENTE 2 (depois de abanar a cabeça e percebendo repentinamente que a amiga não a olha; forçando-se a falar): Não.
ADOLESCENTE 1 (incapaz de deixar de olhar o telemóvel): Disse-me para ter paciência mas que só voltava a carregar-me o telemóvel no fim do mês.
(Toca a campainha e ambas estremecem ligeiramente, como se esquecidas de onde se encontravam.)
ADOLESCENTE 1 (tom mais baixo e hesitante que antes): O funeral foi há quatro dias e ainda não tive coragem para pedir à minha mãe para o carregar. (Tom quase lamuriento.) Acreditas que tenho estado este tempo todo sem telemóvel?
(Começam a surgir miúdos de todos os lados, ruidosos e enérgicos, rindo em grupo, correndo; as duas adolescentes permanecem imóveis e silenciosas, talvez com esperança de não serem vistas. Muito tempo depois, a campainha volta a tocar; mas os miúdos levam uma eternidade a abandonar o pátio.)
ADOLESCENTE 1 (interrompendo o prolongado silêncio num tom apático, olhando fixamente o telemóvel que tem na mão): Sabes qual foi a última coisa que o meu pai me disse?
ADOLESCENTE 2 (depois de abanar a cabeça e percebendo repentinamente que a amiga não a olha; forçando-se a falar): Não.
ADOLESCENTE 1 (incapaz de deixar de olhar o telemóvel): Disse-me para ter paciência mas que só voltava a carregar-me o telemóvel no fim do mês.
(Toca a campainha e ambas estremecem ligeiramente, como se esquecidas de onde se encontravam.)
ADOLESCENTE 1 (tom mais baixo e hesitante que antes): O funeral foi há quatro dias e ainda não tive coragem para pedir à minha mãe para o carregar. (Tom quase lamuriento.) Acreditas que tenho estado este tempo todo sem telemóvel?
(Começam a surgir miúdos de todos os lados, ruidosos e enérgicos, rindo em grupo, correndo; as duas adolescentes permanecem imóveis e silenciosas, talvez com esperança de não serem vistas. Muito tempo depois, a campainha volta a tocar; mas os miúdos levam uma eternidade a abandonar o pátio.)