O elevador pára e entras. Vejo um fulgor de contrariedade no teu rosto, logo depois um sorriso esforçado. Vivemos no mesmo prédio há meses e nunca nos tínhamos cruzado; mas há uma convivência algo mórbida a unir-nos: apenas um andar divide as nossas vidas, insuficiente para impedir vozes, risos, gritos, gemidos de chegarem ao outro lado. Desconhecidos: e íntimos.
Desconforto. Olhares rígidos. Embaraço. Silêncio. E o elevador: tão lento. Claro que não falamos: que poderíamos dizer? Mas há uma dúvida que me angustia: e se te tocasse? Que aconteceria, se cedesse a essa tentação?
Desconforto. Olhares rígidos. Embaraço. Silêncio. E o elevador: tão lento. Claro que não falamos: que poderíamos dizer? Mas há uma dúvida que me angustia: e se te tocasse? Que aconteceria, se cedesse a essa tentação?