(A mulher ainda não se moveu, desde que o médico anunciou o veredicto; ele vai falando, num tom paciente e sereno – quase interessado –, sobre possibilidades e desenvolvimentos, sobre prazos e perigos e limitações, sobre esperança, enquanto ela escuta, apática e pensativa, estranhamente serena.)
MÉDICO (desconfortável e incomodado, genuinamente triste; num tom assertivo): Temos que ter fé. Acreditar. Nunca, nunca desistir. (A mulher mantém-se indiferente, como se não tivesse ainda compreendido as implicações do que ouviu; como se não tivesse entendido que acabara de ser condenada.) Entretanto, é preciso aproveitar. (Sorri, nervoso.) Aproveitar todos os momentos. Todos.
MULHER (num tom frio e distante; olhando ainda pela janela, incapaz – ou desinteressada? – de enfrentar o médico): Aproveitar? Aproveitar o quê? (Encolhe os ombros, subitamente desesperada por se sentir incapaz de chorar.) O que há para aproveitar?
(O médico desvia o olhar, constrangido; mas não demasiado. Olha o relógio sub-repticiamente e tenta disfarçar – sem grande empenho – um suspiro.)
MÉDICO (desconfortável e incomodado, genuinamente triste; num tom assertivo): Temos que ter fé. Acreditar. Nunca, nunca desistir. (A mulher mantém-se indiferente, como se não tivesse ainda compreendido as implicações do que ouviu; como se não tivesse entendido que acabara de ser condenada.) Entretanto, é preciso aproveitar. (Sorri, nervoso.) Aproveitar todos os momentos. Todos.
MULHER (num tom frio e distante; olhando ainda pela janela, incapaz – ou desinteressada? – de enfrentar o médico): Aproveitar? Aproveitar o quê? (Encolhe os ombros, subitamente desesperada por se sentir incapaz de chorar.) O que há para aproveitar?
(O médico desvia o olhar, constrangido; mas não demasiado. Olha o relógio sub-repticiamente e tenta disfarçar – sem grande empenho – um suspiro.)