(As duas mulheres estão sentadas na paragem do autocarro conversando sobre trivialidades e sorrindo, espreitando sem grande interesse as pessoas que passam, apressadas e rígidas, silenciosas, escondidas nos óculos de sol.)
MULHER UM (após um silêncio, olhando a amiga com ternura): Acho tão extraordinário que continues assim, depois de saberes que tens a doença.
MULHER DOIS (um pouco distante, como se estivesse distraída, mas sorrindo): Assim, como?
MULHER UM (encolhendo os ombros): A sorrir.
MULHER DOIS (num tom desencantado, depois do sorriso desvanecer): Sabes, quando vejo alguém sorrir, pergunto-me se esse sorriso não servirá apenas para esconderá algo; algum medo, algum desespero, alguma angústia. Sei lá. (Hesita; parece momentaneamente confusa.) Pergunto-me se cada uma dessas pessoas não estará apenas a disfarçar o pânico que a corrói com os seus sorrisos. Como eu. (E sorri.)
(Depois, chega o autocarro. As duas mulheres entram, em silêncio; não correspondem ao sorriso profissional do motorista.)
MULHER UM (após um silêncio, olhando a amiga com ternura): Acho tão extraordinário que continues assim, depois de saberes que tens a doença.
MULHER DOIS (um pouco distante, como se estivesse distraída, mas sorrindo): Assim, como?
MULHER UM (encolhendo os ombros): A sorrir.
MULHER DOIS (num tom desencantado, depois do sorriso desvanecer): Sabes, quando vejo alguém sorrir, pergunto-me se esse sorriso não servirá apenas para esconderá algo; algum medo, algum desespero, alguma angústia. Sei lá. (Hesita; parece momentaneamente confusa.) Pergunto-me se cada uma dessas pessoas não estará apenas a disfarçar o pânico que a corrói com os seus sorrisos. Como eu. (E sorri.)
(Depois, chega o autocarro. As duas mulheres entram, em silêncio; não correspondem ao sorriso profissional do motorista.)