(Estão sentados num banco de jardim, ligeiramente afastados mas com as mãos dadas; dezenas de pássaros esvoaçam entre as árvores, com ruído, quase com alegria, embalados por um vento desagradável que arrepia a pele dos namorados; ouve-se a estridência de uma sirene, não muito distante. Ambos olham em frente, silenciosos, satisfeitos e reconfortados com a simples presença do outro, com o silvo da respiração próxima.)
ELA (num tom de voz murmurado e quase imperceptivelmente receoso): Queres ter filhos?
ELE (após um silêncio longo, como se ponderasse cuidadosamente a resposta adequada; ou como se pensasse no assunto pela primeira vez na sua vida; num tom firme e decidido): Sim. Dois.
ELA (sorrindo mas sem o olhar): Dois? É o que eu quero, também.
(Permanecem em silêncio, sem se olharem, tocando-se apenas com as mãos; estranhamente, não há mais ninguém no parque, o que talvez lhes agrade; ou os iniba – o espectáculo do amor parecer-lhes-á, talvez, menos recompensador se não houver ninguém a assistir.)
ELE (olhando-a, com alguma apreensão): Tenho que ir. (Pausa breve.) Explicação de matemática, daqui cinco minutos.
ELA (apertando-lhe a mão com força e, logo depois, libertando-a; tom ligeiramente decepcionado): Ok.
(Ele levanta-se e pega na mochila; ela olha-o, serena.)
ELE (num tom suave): Encontramo-nos depois das aulas da tarde? (Ela acena com a cabeça, sorrindo.) Aqui? (Novo aceno.)
(Ele inclina-se e beija-a rapidamente nos lábios; ela fecha os olhos, ele não.)
ELE: Até logo.
ELA: Tchau.
(Ele afasta-se, colocando a mochila às costas; caminha com rapidez, sem olhá-la uma única vez. Ela observa-o durante alguns segundos; depois, retira o telemóvel do bolso e começa a teclar, com frenesim; talvez esteja a enviar-lhe um sms, dizendo que o ama; ou não. A sirene da ambulância ainda se ouve, insistente, assustando os pássaros.)
ELA (num tom de voz murmurado e quase imperceptivelmente receoso): Queres ter filhos?
ELE (após um silêncio longo, como se ponderasse cuidadosamente a resposta adequada; ou como se pensasse no assunto pela primeira vez na sua vida; num tom firme e decidido): Sim. Dois.
ELA (sorrindo mas sem o olhar): Dois? É o que eu quero, também.
(Permanecem em silêncio, sem se olharem, tocando-se apenas com as mãos; estranhamente, não há mais ninguém no parque, o que talvez lhes agrade; ou os iniba – o espectáculo do amor parecer-lhes-á, talvez, menos recompensador se não houver ninguém a assistir.)
ELE (olhando-a, com alguma apreensão): Tenho que ir. (Pausa breve.) Explicação de matemática, daqui cinco minutos.
ELA (apertando-lhe a mão com força e, logo depois, libertando-a; tom ligeiramente decepcionado): Ok.
(Ele levanta-se e pega na mochila; ela olha-o, serena.)
ELE (num tom suave): Encontramo-nos depois das aulas da tarde? (Ela acena com a cabeça, sorrindo.) Aqui? (Novo aceno.)
(Ele inclina-se e beija-a rapidamente nos lábios; ela fecha os olhos, ele não.)
ELE: Até logo.
ELA: Tchau.
(Ele afasta-se, colocando a mochila às costas; caminha com rapidez, sem olhá-la uma única vez. Ela observa-o durante alguns segundos; depois, retira o telemóvel do bolso e começa a teclar, com frenesim; talvez esteja a enviar-lhe um sms, dizendo que o ama; ou não. A sirene da ambulância ainda se ouve, insistente, assustando os pássaros.)