(A sala de convívio do lar está quase deserta: apenas dois idosos estão sentados num sofá a olhar para a televisão – que tem o som desligado – com expressões apáticas e desinteressadas; ouve-se momentaneamente o choro de alguém – um adulto –, que logo depois cessa. Uma mosca esvoaça de janela para janela, insistente e desesperada, impotente.)
IDOSO (num tom amargo e hesitante, sem retirar os olhos da televisão): Quantas vezes estiveste apaixonada? (Pausa breve; apenas se escuta o zumbido irritante da mosca, perfurando a tranquilidade da tarde.) Durante toda a vida.
IDOSA (algum tempo depois, como se tivesse pensado profundamente na resposta; mas num tom desinteressado): Nenhuma. (Pausa muito breve.) Acho que nenhuma.
(Continuam a olhar para a televisão, indiferentes à presença do outro; talvez à espera que o choro distante regresse; ou que alguém venha e ligue o som da televisão; ou que a mosca desista de tentar lutar; ou que seja hora de ir para a cama.)
IDOSO (num tom amargo e hesitante, sem retirar os olhos da televisão): Quantas vezes estiveste apaixonada? (Pausa breve; apenas se escuta o zumbido irritante da mosca, perfurando a tranquilidade da tarde.) Durante toda a vida.
IDOSA (algum tempo depois, como se tivesse pensado profundamente na resposta; mas num tom desinteressado): Nenhuma. (Pausa muito breve.) Acho que nenhuma.
(Continuam a olhar para a televisão, indiferentes à presença do outro; talvez à espera que o choro distante regresse; ou que alguém venha e ligue o som da televisão; ou que a mosca desista de tentar lutar; ou que seja hora de ir para a cama.)