Sei que deveria erguer-me e proteger-me, lutar, adiar a morte; ou, pelo menos, gritar, de dor e fúria, de medo. Mas não me movo, continuo a olhar o cavalo, que agora se imobilizou e espreita na minha direcção, perscrutador; suponho que se sente mal, por me ter abandonado. E apetece-me chamar por ele; mas lembro-me, uma vez mais, que nunca lhe dei um nome.
Volto a distrair-me, divagar. Penso, ingenuamente, que poderei não ter sido atingido por um tiro mas por um raio; e olho o céu, confiante de que talvez aí encontre uma explicação, um qualquer esclarecimento pacificador. Depois, sinto-me ridículo.
Muito tempo depois (uma hora, cinco minutos, meio segundo?), pergunto-me – sem verdadeiro interesse, quase com displicência – se estarei a morrer. Se a morte será isto; assim.
Volto a distrair-me, divagar. Penso, ingenuamente, que poderei não ter sido atingido por um tiro mas por um raio; e olho o céu, confiante de que talvez aí encontre uma explicação, um qualquer esclarecimento pacificador. Depois, sinto-me ridículo.
Muito tempo depois (uma hora, cinco minutos, meio segundo?), pergunto-me – sem verdadeiro interesse, quase com displicência – se estarei a morrer. Se a morte será isto; assim.